quarta-feira, 14 de outubro de 2015

Concurso público: dicas de uma terapeuta ocupacional.

A ATORN tem a satisfação de entrevistar mais uma sócia, a Dra. Tacyanne Bilro de Miranda. Confira:

ATORN - Dra, se apresente aos leitores.

Dra. Tacyanne - Sou formada em Terapia Ocupacional no ano de 2008 pela Universidade Potiguar, pós-graduada em Neuropsicologia Clínica, pos-graduanda em Acupuntura e especialista em Saúde Mental pela ABRATO. Atualmente trabalho pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) no HUOL (Hospital Universitário Onofre Lopes) e  na MEJC (Maternidade Escola Januário Cicco), atuando respectivamente com Saúde Mental e UTI Neonatal.  


ATORN - Conte-nos um pouco da sua trajetória em concursos públicos.  

Dra. Tacyanne - Trabalhei durante cinco anos em um Centro de Reabilitação Infantil e Adulto por meio de contrato e esse período me fez refletir enquanto trabalhadora o quanto este tipo de vínculo é precário. Os salários são baixos, não temos garantias de direitos e há insegurança quanto a estabilidade. Inquieta, saí em busca do tão sonhado concurso publico.  Iniciei os estudos no período noturno em curso preparatório e fui aprovada nos concursos públicos municipais de São Gonçalo do Amarante e Extremoz. 
Em virtude desejar emprego na cidade de moradia e próximo da família, fui sempre buscando continuar os estudos para os concursos que fossem surgindo em minha área. Ao abrir o edital da EBSERH iniciei um novo curso preparatório e ao ser aprovada optei por solicitar exoneração dos concursos municipais, apesar de ser estatutária, para assumir o concurso da EBSERH como celetista. Fui aprovada nos três hospitais universitários do RN e escolhi assumir no HUOL e na MEJC.  


ATORN - Quais dicas você daria aos leitores na preparação para concurso publico? 

Dra. Tacyanne - Sabemos que preparar-se para concurso publico não é uma tarefa fácil. Precisa de decisão, determinação e dedicação. Ao decidir que irá preparar-se para um determinado concurso publico, seja ele municipal, estadual ou federal, determine-se a buscar meios de obter o conhecimento necessário para as matérias exigidas no edital e então se matricule em um curso preparatório. Com isso, através de sua dedicação pelas aulas oferecidas, o curso lhe dará um caminho a seguir na continuidade dos estudos em casa.  A partir daí é essencial criar um cronograma de estudo para que o conhecimento aprendido no curso seja revisto com frequência e se possível semanalmente. 
A organização diária é fundamental para aprovação. Organize horário para estudos e siga rigorosamente. Indico pela minha experiência estudar, além das aulas do curso preparatório, de duas a três horas diárias (se você já trabalha dois turnos) e entre quatro e cinco horas (para quem trabalha um turno). Quem tiver a oportunidade de investir apenas nos estudos enquanto se prepara consegue fazer até 10 horas diárias de estudos, além das aulas do curso, organizando-se entre os períodos da manhã, tarde e noite. Estude nas madrugadas se for necessário, cada um sabe até onde pode ir com os esforços. 
As matérias de maior dificuldade deve ser revista com maior frequência. Há a estratégia de fazer um cronograma que é um recurso gráfico e simbólico para visualizar com facilidade a organização diária dos estudos, trazendo como meta concluir o que foi programado para cada dia. O conteúdo teórico é importante, porém a prática é primordial! Sugiro fazer treinos diários com provas oferecidas pela banca em concursos anteriores. Tais provas são disponíveis na internet.
Em minha experiência ao revisar a matéria de português, por exemplo, eu fazia uma prova da mesma banca que estou me preparando, corrigia com o gabarito e revia as questões erradas juntamente com o conteúdo teórico. Desta forma você começa a perceber quais assuntos aquela determinada banca pede com maior frequência, além da forma de perguntar sobre os assuntos e o formato das alternativas. Conhecer a banca é tão importante quanto os estudos. Então programe o seu dia em função do concurso, e não ao contrário.  


ATORN - Como se preparar para disciplinas específicas da Terapia Ocupacional? 

Dra. Tacyanne - Durante o início da preparação para os concursos que fiz, a disciplina de Terapia Ocupacional era a que eu menos me dedicava em virtude de não dar conta da grande quantidade de conteúdo cobrada na prova e também porque só iniciava os estudos após a abertura do edital, ficando com tempo insuficiente para estudar todos os conteúdos de todas as disciplinas. Com o passar do tempo e surgimento de outros concursos fui incluindo a matéria da Terapia Ocupacional no cronograma de estudos diários e dividia os conteúdos por área de atuação de acordo com a bibliografia indicada no edital. 
De acordo com a banca do concurso procurava também as provas específicas de Terapia Ocupacional disponíveis na internet e as fazia buscando na literatura aquelas questões que errava. Como são poucas as provas específicas da Terapia Ocupacional na internet, comprei um pacote com mais de mil questões das mais variadas bancas com gabarito para estudar o conteúdo e responder questões de prova.  


ATORN - Como você avalia os concursos públicos para a Terapia Ocupacional e o serviço publico para o terapeuta ocupacional?

Dra. Tacyanne - Atualmente percebo que a necessidade do profissional terapeuta ocupacional no serviço publico municipal, estadual e federal vem crescendo e abrindo mais vagas para a categoria quando comparo com o ano de 2008 no qual entrei no mercado de trabalho. No entanto, serviço publico na maioria das vezes não oferece condições de trabalho favoráveis, organização de estrutura física adequada e aquisição de recursos terapêuticos necessários para receber o profissional na assistência da saúde e isto dificulta o processo de trabalho e atuação do profissional.  
Em relação às provas para Terapia Ocupacional percebo o aumento do nível de dificuldade das questões no decorrer dos anos que venho fazendo provas. Como resultado, muitos candidatos não atingem a média da prova e pode acontecer do concurso finalizar sem nenhuma aprovação. Ai fica a pergunta: será que é o profissional que está sem o conhecimento teórico nas áreas de atuação? Ou a banca está cada vez mais aumentando o nível de dificuldade nas questões para melhorar a seleção dos candidatos? Talvez uma resposta complemente a outra. 
Eu sigo com a ideia de que os concursos deveriam ser mais específicos nas áreas de atuação para a terapia ocupacional, ou seja, estipular vagas de acordo com a área que o serviço irá precisar da assistência. Por exemplo, vaga para Saúde Mental, para Neurologia Infantil, vaga para Reumatologia, para Saúde do Trabalhador, e assim por diante. Também acredito que se deveria estipular as vagas de acordo com a unidade de trabalho, por exemplo, vaga para o Centro de Reabilitação Infantil e Adulto, CAPS, CRAS, NASF, entre outros.
Assim facilitaria os estudos e a atuação após aprovação já que concluímos a formação de modo generalista nas áreas de atuação e cada profissional descobre o interesse por uma área específica e muitas vezes passa em um concurso publico e precisa atuar em uma área que não se identifica. Neste caso, cabe ao profissional buscar conhecimento para garantir assistência de qualidade, pedir para ser remanejado ou até mesmo pedir exoneração. 


ATORN - Para finalizar, que mensagem deixaria para quem está se preparando para fazer provas?

Dra. Tacyanne - Concluo dizendo para jamais desanimar, pois é necessário ter perseverança para passar.  Afaste-se de pessoas de baixo-astral, elas podem te fazer desistir. Não desperdice o seu tempo com atividades que vão atrapalhar os estudos. Sempre que tiver dúvidas, pergunte!. Tenha um tempinho de lazer, mesmo que pouco, mas evite muitas distrações. Se não passar, não desista, mas dedique-se mais aos estudos. Seja confiante e acredite que é capaz!