A ATORN tem a satisfação de entrevistar
mais uma sócia, a Dra. Tacyanne Bilro de Miranda. Confira:
ATORN - Dra, se apresente aos leitores.
Dra. Tacyanne - Sou
formada em Terapia Ocupacional no ano de 2008 pela Universidade
Potiguar, pós-graduada em Neuropsicologia Clínica, pos-graduanda em
Acupuntura e especialista em Saúde Mental pela ABRATO. Atualmente trabalho
pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (EBSERH) no HUOL (Hospital
Universitário Onofre Lopes) e na MEJC (Maternidade Escola Januário
Cicco), atuando respectivamente com Saúde Mental e UTI
Neonatal.
ATORN - Conte-nos um pouco da sua
trajetória em concursos públicos.
Dra. Tacyanne
- Trabalhei durante cinco anos em um Centro de Reabilitação Infantil e Adulto
por meio de contrato e esse período me fez refletir enquanto trabalhadora
o quanto este tipo de vínculo é precário. Os salários são baixos, não
temos garantias de direitos e há insegurança quanto a estabilidade.
Inquieta, saí em busca do tão sonhado concurso publico. Iniciei
os estudos no período noturno em curso preparatório e fui aprovada
nos concursos públicos municipais de São Gonçalo do Amarante e
Extremoz.
Em virtude desejar
emprego na cidade de moradia e próximo da família, fui sempre buscando continuar
os estudos para os concursos que fossem surgindo em minha área. Ao abrir o
edital da EBSERH iniciei um novo curso preparatório e ao ser
aprovada optei por solicitar exoneração dos concursos municipais, apesar
de ser estatutária, para assumir o concurso da EBSERH como celetista.
Fui aprovada nos três hospitais universitários do RN e escolhi assumir no
HUOL e na MEJC.
ATORN - Quais dicas você daria aos leitores na preparação para concurso publico?
Dra. Tacyanne
- Sabemos que preparar-se para concurso publico não é uma tarefa fácil.
Precisa de decisão, determinação e dedicação. Ao decidir que irá
preparar-se para um determinado concurso publico, seja ele municipal, estadual ou
federal, determine-se a buscar meios de obter o conhecimento necessário para as
matérias exigidas no edital e então se matricule em um curso preparatório. Com
isso, através de sua dedicação pelas aulas oferecidas, o curso lhe dará um
caminho a seguir na continuidade dos estudos em casa. A partir daí é essencial criar um
cronograma de estudo para que o conhecimento aprendido no curso seja revisto
com frequência e se possível semanalmente.
A organização diária
é fundamental para aprovação. Organize horário para estudos e siga
rigorosamente. Indico pela minha experiência estudar, além das aulas do
curso preparatório, de duas a três horas diárias (se você já trabalha dois
turnos) e entre quatro e cinco horas (para quem trabalha um turno). Quem
tiver a oportunidade de investir apenas nos estudos enquanto se prepara
consegue fazer até 10 horas diárias de estudos, além das aulas do curso,
organizando-se entre os períodos da manhã, tarde e noite. Estude nas madrugadas
se for necessário, cada um sabe até onde pode ir com os esforços.
As matérias de maior
dificuldade deve ser revista com maior frequência. Há a estratégia de fazer um
cronograma que é um recurso gráfico e simbólico para visualizar com facilidade
a organização diária dos estudos, trazendo como meta concluir o que foi
programado para cada dia. O conteúdo teórico é importante, porém a
prática é primordial! Sugiro fazer treinos diários com provas
oferecidas pela banca em concursos anteriores. Tais provas são disponíveis na
internet.
Em minha experiência
ao revisar a matéria de português, por exemplo, eu fazia uma prova da mesma
banca que estou me preparando, corrigia com o gabarito e revia as questões
erradas juntamente com o conteúdo teórico. Desta forma você começa a
perceber quais assuntos aquela determinada banca pede com maior
frequência, além da forma de perguntar sobre os assuntos e o formato das
alternativas. Conhecer a banca é tão importante quanto os estudos. Então
programe o seu dia em função do concurso, e não ao contrário.
ATORN - Como se preparar para
disciplinas específicas da Terapia Ocupacional?
Dra. Tacyanne
- Durante o início da preparação para os concursos que fiz, a
disciplina de Terapia Ocupacional era a que eu menos me dedicava
em virtude de não dar conta da grande quantidade de conteúdo cobrada
na prova e também porque só iniciava os estudos após a abertura do edital,
ficando com tempo insuficiente para estudar todos os conteúdos de todas as
disciplinas. Com o passar do tempo e surgimento de outros concursos fui
incluindo a matéria da Terapia Ocupacional no cronograma de estudos diários e
dividia os conteúdos por área de atuação de acordo com a bibliografia
indicada no edital.
De acordo com a banca
do concurso procurava também as provas específicas de Terapia Ocupacional
disponíveis na internet e as fazia buscando na literatura aquelas questões que
errava. Como são poucas as provas específicas da Terapia Ocupacional na
internet, comprei um pacote com mais de mil questões das mais variadas bancas
com gabarito para estudar o conteúdo e responder questões de prova.
ATORN - Como você avalia os concursos públicos para a Terapia Ocupacional e o serviço publico para o terapeuta ocupacional?
Dra. Tacyanne
- Atualmente percebo que a necessidade do profissional terapeuta
ocupacional no serviço publico municipal, estadual e federal vem crescendo
e abrindo mais vagas para a categoria quando comparo com o ano de 2008 no
qual entrei no mercado de trabalho. No entanto, serviço publico na maioria
das vezes não oferece condições de trabalho favoráveis, organização de
estrutura física adequada e aquisição de recursos terapêuticos necessários para
receber o profissional na assistência da saúde e isto dificulta o processo de
trabalho e atuação do profissional.
Em relação às
provas para Terapia Ocupacional percebo o aumento do nível de dificuldade das
questões no decorrer dos anos que venho fazendo provas. Como resultado, muitos
candidatos não atingem a média da prova e pode acontecer do concurso finalizar
sem nenhuma aprovação. Ai fica a pergunta: será que é o profissional que
está sem o conhecimento teórico nas áreas de atuação? Ou a banca está cada vez
mais aumentando o nível de dificuldade nas questões para melhorar a seleção dos
candidatos? Talvez uma resposta complemente a outra.
Eu sigo com a
ideia de que os concursos deveriam ser mais específicos nas áreas de atuação
para a terapia ocupacional, ou seja, estipular vagas de acordo com a área que o
serviço irá precisar da assistência. Por exemplo, vaga para Saúde Mental, para
Neurologia Infantil, vaga para Reumatologia, para Saúde do Trabalhador, e
assim por diante. Também acredito que se deveria estipular as vagas de
acordo com a unidade de trabalho, por exemplo, vaga para o Centro de
Reabilitação Infantil e Adulto, CAPS, CRAS, NASF, entre outros.
Assim facilitaria
os estudos e a atuação após aprovação já que concluímos a formação de modo
generalista nas áreas de atuação e cada profissional descobre o interesse por
uma área específica e muitas vezes passa em um concurso publico e
precisa atuar em uma área que não se identifica. Neste caso, cabe ao
profissional buscar conhecimento para garantir assistência
de qualidade, pedir para ser remanejado ou até mesmo pedir
exoneração.
ATORN - Para finalizar, que mensagem deixaria para quem está se
preparando para fazer provas?
Dra. Tacyanne - Concluo dizendo
para jamais desanimar, pois é necessário ter perseverança para
passar. Afaste-se de pessoas de baixo-astral, elas podem te
fazer desistir. Não desperdice o seu tempo com atividades que vão
atrapalhar os estudos. Sempre que tiver dúvidas,
pergunte!. Tenha um tempinho de lazer, mesmo que pouco, mas evite muitas
distrações. Se não passar, não desista, mas dedique-se mais aos
estudos. Seja confiante e acredite que é capaz!